Repousa a Inquietação.
Por Joel Marc
Créditos da imagem: FreepikUm dos sentimentos que fala alto no chão da vida das grandes cidades é a Inquietação. Já dizia há muito tempo o grande teólogo Agostinho de Hipona: “o coração do homem permanece inquieto enquanto não descansa nos braços do Criador.”
Se o Hiponense - que se um tornou um grande amigo na minha busca do Descanso - vivesse em nosso tempo, ele certamente ficaria assustado em como o estilo de vida que levamos nas grandes cidades metropolitanas naturalizou a inquietude, tornando-a parte do ser em si mesmo e não um sinônimo da busca por algo transcendente.
Em Eclesiastes 3.11 vemos o que pode ser chamado de “Anseio pela eternidade”, a expressão soa como um imã que nos puxa em direção do Eterno, de modo que as coisas transitórias e passageiras nunca possam nos satisfazer por completo, como disse C.S Lewis “tudo que não é eterno, é eternamente inútil", e assim, o vazio da falta que há deve propositalmente gritar em nossas almas, em busca do Criador e do sentido da existência.
O grande dilema é que muitas vezes não tendo consciência de que fomos gerados para eternidade vivemos como se pudéssemos encontrar aqui e agora a satisfação que só pode existir em Deus. Tentamos preencher "O anseio" com inúmeros compromissos, com agendas lotadas e, fugimos o máximo que conseguimos da possibilidade de estar a sós com nós mesmos (Inclusive nos assustamos só de pensar nessa possibilidade) pois de nós mesmos já não somos boas companhias. A agitação contemporânea é também uma fuga desesperada do pecador que não quer se olhar no espelho do arrependimento.
A inquietação das metrópoles pode ser facilmente percebida nos paulistas, na falta de repouso de quem mora na famosa “cidade que não para”, do pessoal que grita constantemente “deixa a esquerda livre!", das buzinas intermináveis do "saiiiii da frente que eu quero passar". Costumo comparar o paulistano com aquele famoso coelhinho de Alice no país das maravilhas, sempre correndo e sempre atrasado.
Na agitação dos nossos dias o eco da eternidade soa no peito, com vislumbres do Eterno que nos diz: - Você precisa aprender a descansar em mim, ou todo tempo do mundo será vazio e sem sentido. Quer a nós paulistanos, ou a você que mesmo não morando em SP vive os dilemas de uma vida frenética e inquietante, Deus continua convidando: “Vinde a mim!" e acharão descanso para vossas almas, “Vinde a mim” e achareis consolo em meio às dores de uma era em que nos sentimos sós mesmo estando no meio de uma grande multidão, “Vinde a mim” e achareis quietude as vossas ansiedades.
Você foi gerado em mim e só em mim encontrará sentido de existência, pois a própria existência, existe em mim [O Logos].
Referência
Confessiones I,i,1: “Tu excitas, ut laudare te delectet, quia fecisti nos ad te et inquietum est cor nostrum, donec requiescat in te”
Graduado em História pela Faculdade Sumaré e bacharel em Teologia pela FLAM (Faculdade Latino Americana). Possui Extensão Universitária em História Judáica pela PUC-SP. Após atuar durante cinco anos como livreiro e mergulhar no universo dos livros cristãos, ingressou em 2019 como professor na Escola Pública do Estado de São Paulo. Atualmente é professor das disciplinas de História e Filosofia no colégio cristão Kairós e produtor de conteúdos terceirizados para plataformas de banco de questões modelo Enade, na área de tecnologia.