Trindade
Por Rogério Quadra
A trindade é uma doutrina pouco questionada na cristandade, praticamente uma unanimidade.
Em geral, todos creem que temos um só Deus revelado em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
A crise pós-moderna não está na crença, mas na vida, não no dogma, mas na encarnação cotidiana.
Quando confessamos crer num Deus trino afirmamos que três pessoas coexistem em amor eternamente. Afirmamos que três pessoas da mesma essência se amam profundamente a ponto de serem inseparáveis, indivisíveis e que vivem para cumprir papeis diferentes na mesma direção e propósito.
Em (Genesis 1.26) o texto diz: “Façamos o homem a nossa imagem”. Deus sendo trino nos faz à sua imagem, logo, ele só poderia nos criar seres trinos, seres plurais.
Se, porém, somos seres plurais (“ehad”, como afirmou Ariovaldo Ramos) como cedemos à crise pós moderna da unidade? Como se tornou tão difícil nos manter congregados em amor? Voltamos à religião dos Fariseus?
Somos da mesma essência humana. Triste é descobrir que não nos enxergamos mais como a extensão do outro, do nosso próximo.
A crise da igreja na pós-modernidade não é dogmática. Não é defesa da fé que precisamos, precisamos de tolerância.
Quando afirmo crer na doutrina da trindade, preciso estar aberto à sua revelação em minha própria vida, no que diz respeito a vida comunitária, igreja, família e humanidade.
Não foi o Espírito Santo que, na igreja primitiva, permitiu que cada um pudesse se entender em sua propriamente língua. Então, sopra, Espírito sobre seu povo, quebranta toda religiosidade e tradicionalismo, quebranta corações, poderosa ‘ruah’ divina.
Minha oração é que o Senhor nos devolva o Espírito de unidade, o senso de humanidade e nos ajude a resgatar a essência do cristianismo que está no amor do trino Deus.