Uma ponte chamada Equilíbrio: Da Tristeza à Virtuosidade.
Por Joel Marc
Créditos da imagem: Freepik"A tristeza segundo Deus produz um arrependimento que leva à salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o mundo produz morte." [ II Coríntios 7.9 ]
A tristeza é um sentimento que muitas vezes tentamos negar e até fugir, naturalmente tendemos a perceber apenas seu valor negativo e as consequências ruins provenientes dela, tais com: a insegurança, a amargura, a depressão, a solidão e tantos outros sentimentos que parecem ser os únicos que acompanham a senhorita tristeza na caminhada da vida, mas a tristeza pode gerar também: novidade de vida, esperança, ressignificar das ações, reencontro consigo e com o outro, pode gerar mudança, gerar o famoso "cair em si" - o mudar de rota.
Sim, existe tristeza que faz bem! Existe o que Paulo chama de “tristeza segundo Deus” que gera transformação para viver o novo, e não a culpa para morte.
Gosto muito da animação "Divertidamente" que apresenta o valor das diversas emoções , demonstrando que até mesmo aquelas aparentemente “totalmente negativas" (como a raiva e o medo por exemplo), quando bem equilibradas são importantes para o bom funcionamento do ser integral.
Aristóteles, filósofo grego, foi alguém que já na antiguidade pensava o valor do equilíbrio, ele entendia as virtudes como o “meio-termo ou termo justo” entre dois pólos: o excesso e a carência. Por exemplo, a Paciência para Aristóteles é a virtude (meio-termo em relação à cólera) entre o vício por excesso (Irritabilidade) e o vício por deficiência (Indiferença).
Pense na situação a seguir.
Estamos a caminhar pelo chão da vida e percebemos a seguinte injustiça: um negro gritando “-Me deixe respirar!” enquanto vem sendo pisoteado por um policial racista. O vício por excesso de cólera seria a irritabilidade que nos levaria provavelmente a uma agressão para com o policial, em defesa do negro. Já a deficiência por falta causaria a indiferença frente à situação, fazendo-nos certamente passar ao longe, sem o senso de justiça e amabilidade despertado agiríamos como quem diz: “Isso não é da nossa conta”.
O virtuoso, empaticamente tentaria defender a integridade do negro sem precisar ferir fisicamente o policial, portanto a virtude proveniente da Ira equilibrada (ou seja, o meio termo) é a Paciência, não a paciência pós-moderna de sentar e esperar acontecer, mas a calma de agir e esperar na medida/ modo ponderado que cada situação exige.
Precisamos também encontrar esse equilíbrio de virtuosidade quando lidamos com as tristezas da vida, não quero com isso generalizar [nem toda tristeza provém de Deus, às vezes nós mesmos cavamos algumas situações difíceis em nossas vidas], mas se através dessa situação que você está enfrentando, Deus vem tentando lhe ensinar algo, escute-o! Deixe-o re-equilibrar essa balança, e transformar essas emoções agitadas em virtudes equilibradas.
Que no chão da sua existência haja espaço para o ressignificar da tristeza, para o sorrir novamente, para ser e agir melhor. Não em uma competição com o outro, mas na busca de ser o melhor de si e em si.
“Toda dor é por enquanto”, (canta Marcus Almeida)
Já o amor, “dura para sempre” (nos bem ensinou Paulo).
A pergunta é: Quem você será quando o dia nublado passar?
Lembro-me que ao caminhar em Suzano, há uns dias atrás, li fixado em um muro da cidade, o seguinte verso do escritor Sacolinha: "O sol sempre foi sol, a gente é que anoitece."
Que a tristeza não seja para você como uma noite sem fim, mas como uma transição para o novo amanhecer.
Não é sobre juntar os cacos do que sobrou da dor e viver fingindo que a tristeza nunca esteve lá. Trata-se de permitir ser moldado pelo "Tapeceiro" que com fios alegres e tristes tece “o grande tapete” da vida, tece a existência, tece O Existir!
(...) vós estareis tristes, porém a vossa tristeza se converterá em alegria. A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo gozo de haver um homem nascido ao mundo. Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas eu vos tornarei a ver, e alegrar-se-á o vosso coração, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará. ( JOÃO 16:20-23)
Graduado em História pela Faculdade Sumaré e bacharel em Teologia pela FLAM (Faculdade Latino Americana). Possui Extensão Universitária em História Judáica pela PUC-SP. Após atuar durante cinco anos como livreiro e mergulhar no universo dos livros cristãos, ingressou em 2019 como professor na Escola Pública do Estado de São Paulo. Atualmente é professor das disciplinas de História e Filosofia no colégio cristão Kairós e produtor de conteúdos terceirizados para plataformas de banco de questões modelo Enade, na área de tecnologia.