A esperança equilibrista
Por Marcelo Santos
“A esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar”
Trecho da Música “O bêbado e a equilibrista” (Joao Bosco e Aldir Blanc)
Na música “O bêbado e a equilibrista”, podemos observar uma crítica social do contexto da década de 70. A canção apresenta um protesto pela volta dos ditos “intelectuais” que foram exilados e perseguidos em virtude do posicionamento contrário à ditadura militar.
Ao longo da ditadura, os militares foram em sua maior parte, “peões” inquestionáveis de governantes ambiciosos e egoístas e executores obedientes dos comandos de seus superiores. Eles eram assassinos contratados que matavam porque alguém mandou e seu condicionamento cultural tornou “óbvio” que era uma coisa boa e nobre a se fazer.
Da mesma forma que os “revolucionários violentos” que, em nome da sua causa revolucionária, também tomam a liberdade para matar.
A teoria da guerra justa é “algo que Cristo nunca ensinou ou mesmo sugeriu”. Não devemos resistir aos malfeitores ou retribuir o mal com o mal.
Devemos amar nossos inimigos, dar a outra face, abençoar aqueles que nos perseguem, orar pelas pessoas que nos maltratam e retribuir o mal com o bem. Porém para alguns religiosos existe uma “cláusula” de exceção para justificar a prática da agressividade e violência - manter a “ordem” e os “padrões bíblicos” a partir da força.
Pertencer ao reino de Jesus de Nazaré é crucificar o desejo carnal de viver por interesse próprio ou tribal e, assim, crucificar o impulso decaído de proteger esses interesses por meio da violência.
Pertencer a este reino revolucionário é purificar o coração de toda amargura, ira, raiva, disputa, calúnia, junto com toda malícia - por mais “justificáveis” e compreensíveis que esses sentimentos possam ser.
Pertencer a este contra reino é viver no amor, como Cristo nos amou e nos entregou sua própria vida. É viver a vida dEle, a vida que manifesta a verdade de que é melhor servir do que ser servido, e melhor morrer do que matar. É, portanto, optar por sair da máquina de guerra do reino do mundo e manifestar um modo de vida radicalmente diferente, belo e amoroso.
Recusar-se a matar por razões patrióticas é mostrar que realmente levamos nossa identidade em Cristo mais a sério do que nossa identidade com o império, o estado-nação ou a célula de terror étnico de onde viemos.
Portanto, embora eu respeite a sinceridade e a coragem dos cristãos que possam discordar de mim e sentir que é seu dever defender seu país com violência, eu honestamente não vejo como tolerar a decisão de um cristão matar em nome de qualquer país ou causa.
Que no Chão da Vida, não possamos perder a nossa esperança por um país justo.
Mestre em Educação pela Universidade Interamericana (2019). Especialista em Teologia e Missões pela Faculdade Latino-Americana (FLAM - 2023), pós-graduando em Terapia de Casais pela Faculdade Prisma e Bacharel em Teologia pelo Centro Batista de Educação, Serviço e Pesquisa (CEBESP - 2020). Possui Extensão Universitária em Igreja e Missão, Educação Cristã e Aconselhamento pela FLAM - Faculdade Latino Americana (2021). Colunista do Chão da Vida e professor universitário na área de tecnologia e teologia em diversas universidades.