Por uma espiritualidade que promova a justiça social

Por Marcelo Santos

Por uma espiritualidade que promova a justiça social

A principal razão pela qual o movimento pelos direitos civis das décadas de 1950 e 1960 teve tanto sucesso moral e prático, é que foi liderado, em grande parte, por pessoas com uma forte sensibilidade religiosa. O mais notável desses líderes foi, é claro, Martin Luther King.

Sem dúvida, Martin Luther King é uma das pessoas mais influentes do século 20. Suas contribuições para a sociedade moderna mudaram o curso social da sociedade americana. Por meio de sua missão pela justiça social e igualdade, tornou-se um ícone. Sua liderança está enraizada nos movimentos pacíficos de protestos instituídos por Gandhi na Índia.

Enquanto estava preso em Birmingham por liderar um protesto não-violento, King respondeu a alguns de seus colegas ministros cristãos que o criticaram por ir rápido demais, esperando que a mudança social acontecesse da noite para o dia.

O ministro batista respondeu às suas críticas de uma maneira surpreendente, invocando a ajuda de um teólogo católico medieval. King chamou a atenção para as reflexões de Santo Tomás de Aquino sobre o direito, especificamente a teoria de que o direito positivo encontra sua justificativa em relação à lei natural, que encontra sua justificativa em relação à lei eterna.

Tomás de Aquino quer dizer que o que torna justa uma lei prática e cotidiana é que ela, de alguma forma, expressa os princípios da lei moral, e que por sua vez, refletem a própria mente de Deus. Portanto, concluiu King, leis positivas injustas, não são apenas leis ruins; elas são imorais e ofensivas a Deus.

Martin Luther King derivou de sua herança religiosa não apenas a metafísica, que informou seu ativismo social, mas também o método não-violento que ele empregou. O que Jesus revela na retórica do Sermão do Monte: “Amai os vossos inimigos”, “Bendizei os que vos maldizem, orai pelos que vos maltratam”, “Se alguém te bater na face direita, vira-te e dá-lhe a outra”... e ainda mais impressionante em sua palavra de perdão na cruz é que o caminho de Deus é o caminho da paz, da não-violência e da compaixão.
Como cristão, King sabia profundamente que reagir à opressão com violência apenas agravaria as tensões na sociedade. O ódio não pode expulsar o ódio; só o amor pode fazer isso.

É indiscutivelmente claro que existem graves déficits morais em nossa sociedade e que devem ser enfrentados, mas a melhor maneira de fazer isso é dentro de uma estrutura moral e, finalmente, religiosa.

Que o modelo de liderança de Martin Luther King a esse respeito, seja uma estrela-guia.

 


  • Marcelo Santos

    Mestre em Educação pela Universidade Interamericana (2019). Especialista em Teologia e Missões pela Faculdade Latino-Americana (FLAM - 2023), pós-graduando em Terapia de Casais pela Faculdade Prisma e Bacharel em Teologia pelo Centro Batista de Educação, Serviço e Pesquisa (CEBESP - 2020). Possui Extensão Universitária em Igreja e Missão, Educação Cristã e Aconselhamento pela FLAM - Faculdade Latino Americana (2021). Colunista do Chão da Vida e professor universitário na área de tecnologia e teologia em diversas universidades.